A Ciência do Violino
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Você conhece esse saxofonista

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Mensagem por Admin Qui Mar 26, 2015 5:08 pm



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Ladário Teixeira: A Arte Iluminando as Trevas


Ladário Teixeira nasceu no dia 10 de setembro de 1895 na cidade de Uberlândia, onde residiam seus pais, Major José Teixeira de Santana e Dona Francisa Augusta Teixeira. Cego de origem, inteligente e inspirado, sentia n'alma a vocação para a música e ao som de um velho gramofone a executar Patápio Silva, nasceram os desígnios de sua brilhante carreira de artista consumado.

Deparando-se com um velho saxofone abandonado por seu pai no porão da residência, dele se apoderou e jamais o deixou, dedilhando dia e noite o seu teclado num constante exame anatômico, conseguindo assenhorar-se das múltiplas vantagens daquele maravilhoso instrumento, de som mavioso, na criação de um mundo melhor, no qual pudesse viver sonhando com deslumbramento da natureza que lhe era vedado gozar.

Como virtuoso do saxofone, empreendeu uma excursão por diversas cidades e centros de cultura artística, onde pudesse dar uma demonstração do prodígio daquele instrumento considerado obsoleto com o aparecimento do jazz.

Em São Paulo, Ladário Teixeira solicitou exame no Conservatório, sendo seus examinadores os professores Guido Rocchi, Alfério Mignone (pai do famoso Francisco Mignone) e Sabino Bebedetti.

Quando Ladário anunciou seu repertório, o velho Mignone interrompeu dizendo: "Mas este programa é clássico e de violino! Será que você não sabe que um sax não pode tocar essas músicas?" "Pode sim, professor, vou tirar uma extensão muito maior do que qualquer outro músico."

Executado com êxito o seu repertório, o diretor disse-lhe: "Teremos prazer em admiti-lo no Conservatório, para aprender qualquer outro instrumento, pois, para o saxe não temos professor que possa ensinar mais do que já sabe". Em virtude disso, Ladário matriculou-se e fez o curso de violino.

Sua primeira exibição como saxofonista foi em Campinas.

Depois de prestar exame no Conservatório de Música, em São Paulo, maravilhando os professores, Ladário Teixeira embarcou para a Europa.

Em Barcelona, após notável triunfo, o filho de Adolph Sax beijou-lhe a mão dizendo: "Meu pai inventou o saxofone, mas o senhor fez dele um instrumento digno da admiração do mundo inteiro."

Mais tarde, seu um recital no Instituo Benjamin Constant, quando o diretor sugeriu-lhe aprender a ler em Braille, para emancipar-se do analfabetismo.

Posta em prática a alvissareira lembrança, em onze meses apenas fez o curso, passando a ensinar a colegas, sem descurar do propósito de obter melhoramentos para o saxofone, que pretendia elevar à categoria dos grandes instrumentos.

Em 1923, partiu novamente para a Europa, onde recebeu mais aplausos do que como "santo de casa".

Após um concerto no Salão Pleyel interpretando Boellman, Galkine, Anderson, Liszt, Berliot e Rimsky Korsakov, que somente ele podia executar em saxe, teve os impostos cobrados devolvidos em mãos pelo perfeito de Paris, com a justificativa de que, um instrumentista de tal valor deveria, inclusive, receber uma pensão dada pelo povo e não pagar impostos.

No mesmo dia, seu saxofone estragou-se, não sendo possível consertá-lo para o prosseguimento da sua excursão.

Regressando ao Brasil, deixou o saxe entregue à Casa Selmer, acompanhando de um esquema de várias modificações, que iriam permitir tirar no instrumento mais quinze notas.

Recebendo uma carta de Paris, dizendo não ser possível introduzir as modificações solicitadas, Ladário respondeu afirmativamente e que aguardassem sua chegada de regresso à França, quando solucionaria a questão.

Embora na Casa Selmer não acreditassem na possibilidade das adaptações sistematizadas, colocaram dois funcionários à sua disposição e no prazo de onze meses surgiu o saxofone "Modelo Ladário", único em todo o mundo, passando a ser fabricado pela casa e introduzido nas principais orquestras mundiais.

Além do instrumento ter mais quinze notas e poder tocar músicas clássicas, até de Bach e Beethoven, o novo modelo corrigiu o defeito grave de quebra de sonoridade do registro médio para o grave.

Embora excelente e vitoriosa sua invenção, o músico uberlandense jamais recebeu qualquer remuneração ou prêmio pelo grande feito de sua autoria, cuja patente foi registrada: "Modéle Ladário Teixeira", em Paris.

Por mais duas vezes, completando quatro temporadas, este grande artista esteve na Europa, quando atuou no Olympia de Paris, com pleno sucesso.

Nos EUA, Ladário Teixeira é considerado um dos maiores saxofonistas do mundo, tendo feito uma "tournée" para o público norte-americano, aproveitando para uma operação cirúrgica.

Ladário Teixeira faleceu aos 68 anos de idade no dia 3 de agosto de 1964, em Belo Horizonte. Deixou viúva Aída Dias Teixeira e os filhos Lúcia, Hebe, Aída, Celso, César e Ladário Júnior.

Bandeirantes e Pioneiros do Brasil Central

Nossos agradecimentos aos companheiros do Núcleo Servos Maria de Nazaré, de Uberlândia, MG, pela pesquisa feita sobre a vida do grande musicista cego.

De nada adianta saber tocar bem o saxofone se você não desenvolver o músico que toca este instrumento e souber compartilhar o que aprendeu com outros que estão no mesmo caminho!

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